Vira e mexe esse assunto vem a tona. Você sabe qual o limite da sua profissão? A resposta parece óbvia, mais do que óbvia ela é clara e tem legislação específica para regulamentá-la, ainda assim há quem se confunda, escorregue ou não dê a mínima para o que é ético ou legal.

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Durante nosso curso de graduação estudamos inúmeras disciplinas que não tem uma relação direta com nossa atuação profissional, mas são complementares. Como é o caso da psicologia e da nutrição. Já naquelas com uma relação mais direta, como biomecânica, estudamos alguns tópicos essenciais na nossa formação, como é o caso das lesões, mas que  tem o objetivo preventivo e não de tratamento.

Todas as profissões ligadas à área da saúde em algum momento se esbarram, pois são complementares. Não dá para pensar em saúde de forma segmentada, mas é impossível que um mesmo profissional de conta de tudo.

Imagine a situação:

Pela manhã você faz uma consulta onde monta a dieta do seu cliente, depois saem para correr, em seguida vão ao consultório para você fazer uma obturação no dente dele e na sequência vão fazer terapia pelo casamento recém desfeito. Pausa para o almoço (baseado na dieta que você prescreveu), ele torce o tornozelo, que será tratado na seção de fisioterapia, de lá partem para o hospital pois uma coriza está incomodando seu cliente há duas semanas, onde você prescreve um medicamento para alergia. Se despedem e combinam de se encontrar amanhã pela manhã, na academia, para mais uma seção de personal.

Com certeza tudo teria uma qualidade muito abaixo do razoável e diria até nada saudável. Mesmo dentro da nossa profissão precisamos fazer escolhas. Eu por exemplo, jamais poderei ministrar uma aula de esportes coletivos, já nas atividades ligadas ao fitness não tenho dificuldades. Então porque alguns profissionais teimam em invadir a área do outro?

Quando na graduação nos deparamos com as disciplinas que chamei de complementares o objetivo é de possibilitar uma visão completa do indivíduo e um conhecimento mínimo sobre cada assunto, afim de podermos dar uma orientação, encaminhar para o profissional adequado e também ter uma condição mínima de realizar o trabalho multidisciplinar.

Qual o limite da sua profissão

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Aqui vão alguns exemplos do que o profissional de educação física pode ou não pode fazer em relação à outras profissões na área da saúde.

O que pode

  • Orientar quanto à alimentação. Por exemplo, fracionar as refeições, evitar doces elaborados, evitar frituras etc;
  • Realizar procedimentos de primeiros socorros. Por exemplo, colocar gelo em contusões, fazer imobilizações, dar suporte básico de vida etc;
  • Identificar problemas de saúde  e encaminhar para confirmação médica. Por exemplo, desvios posturais, diabetes, hipertensão, broncoespasmo induzido pelo exercício etc;
  • Solicitar ao médico exames complementares. Por exemplo, testes cardiovasculares, exames de sangue etc.

O que não pode

  • Prescrever dieta ou suplemento;
  • Prescrever tratamento ou medicamento;
  • Realizar tratamento de reabilitação sem encaminhamento médico específico.

Existe uma diferença enorme entre saber o que fazer e poder fazer. Um exemplo simples e que gosto de citar: quando alguém tem dor de cabeça eu sei qual remédio deve tomar para melhorar, mas não posso dizer tome xyz que a dor passa.

A recíproca é verdadeira, um médico ou nutricionista podem recomendar a prática de exercícios, podem até sugerir alguma modalidade, por exemplo, caminhada. Podem também explicar que a caminhada deve ser feita diariamente e por pelo menos 30 minutos.  Mas não podem fazer a prescrição do exercício que nesse caso seria:

  • Verificar se a caminhada é o exercício mais indicado para aquela pessoa;
  • Determinar como ela deve ser feita. Por exemplo, começa com 10 minutos e aumenta mais 10 minutos por semana;
  • Qual a intensidade dessa caminhada, baseada no objetivo da pessoa e nos testes realizados;
  • Qual será a evolução dessa caminhada. Será para a corrida? Vaio acrescentar outro tipo de exercício? Vai trabalhar intervalado?

O limite da sua profissão é uma linha tênue, é preciso ter foco, bom senso e lembrar que se cada um olhar para o seu quintal estará feita a política da boa vizinhança onde todos ajudam à todos e todos saem ganhando.