A minha não está! Isso mesmo, me matriculei em uma academia perto de casa para poder treinar sossegada em um lugar onde ninguém soubesse que sou professora. O segredo durou pouco, veja o que aconteceu comigo na aula de bike…

A aula atrasou 10 minutos para iniciar, quero dizer, para a professora chegar na sala, até arrumar as coisas colocar o CD, já viu né?! Decidi não estressar, estava ali para curtir, também não queria ser conhecida como “aquela aluna nova e chata”.

A professora, atenciosa, veio perguntar se eu estava habituada a pedalar, respondi que sim, mas não entrei em detalhes: dou aula de bike desde 2003.  Antes tivesse dito…

Bike Indoor

Foi difícil me conter, observava muita coisa errada acontecendo. Bancos baixos demais, alunas pedalando em pé com postura inadequada, bicicletas com o firma-pé danificado sendo usadas, repirei fundo e ignorei, não cabia a mim falar qualquer coisa… Até que a professora veio a minha bike, deu duas voltas na carga e disse que estava pedalando muito leve. Eu não acreditei naquilo, respirei fundo, não disse nada, e voltei à carga que estava usando antes. A professora ficou indignada e veio me questionar de maneira um tanto grosseira se eu havia diminuído a carga novamente. Eu respondi apenas que sim. Ela retrucou alegando que estava muito leve, que eu iria arrebentar o meu joelho ( e eu pensando nos seis anos que pedalo…), então mostrei à ela meu monitor cardíaco e a frequência que já estava passando dos 170BPM, o que para a minha idade corresponde à mais de 90% da FC máxima!!!! Se eu não fosse fisicamente ativa poderia indicar falta de condicionamento, no meu caso significava uma combinação de carga adequada e até pesada para a velocidade que eu estava pedalando (só para lembrar a velocidade é definida pelo professor através da música). A resposta que obtive não poderia ser mais brilhante…

A professora disse que não importava que minha frequência cardíaca estivesse alta, o problema eram os meu joelhos, ela estava VENDO minha patela (osso arredondado do joelho) se movimentar ( e demonstrou o movimento com as mãos) e que eu iria me lesionar. Foi demais para mim, sucumbi e disse: pode deixar que sei o que estou fazendo, sou professora.

Outros problemas saltaram aos olhos no decorrer da aula. A música em CD mixado, com o mesmo BPM do início ao fim da aula, as instruções não eram claras, os estímulos eram aleatórios, a professora não tinha musicalidade, o esfriamento foi muito curto e o alongamento feito em cima da bike. Aff…

A professora se mostrou totalmente despreparada para ministrar uma aula de bike. Se ela é boa em outras modalidades, ainda não sei, mas não deveria estar à frente de uma classe de ciclismo indoor.

Culpa de quem? Pensei um pouco a respeito e concluí que tanto a professora como a academia são culpados. Geralmente a grade de aulas é montada de acordo com a demanda, o que faz sentido, porque não adianta colocar um tipo de aula que não agrade ao público daquele horário e isso é especialmente complicado nas academias pequenas, pois contam com número restrito de professores. Ocorre que o professor que é contratado para dar um determinadao tipo de aula, com o passar do tempo acaba se vendo obrigado a dar outro, por determinação da academia, e nem sempre  tem a experiência necessária. Já aconteceu comigo, aliás foi justamente assim que comecei a dar aula de bike. Fui contratada para tranbalhar com step, local e alongamento e um mês depois a dona da academia resolveu montar uma sala de bike, como eu era a única professora, deveria dar a aula ou ficaria desempregada. Pedi 15 dias, pedalava sozinha diariamente e fui atrás de um curso, só então iniciei as turmas. É obrigação da academia garantir aos alunos professores bem treinados e é obrigação do professor se preparar para sua atuação profissional.

Quanto à pérola que ouvi da minha professora gostaria de esclarecer que ela estava com razão ao afirmar que se eu pedalasse com a carga muito leve poderia me lesionar e que de fato minha patela faria movimentos que acarretariam tal lesão. Mas ela não poderia estar VENDO esse movimento, ele é sutil, a bike estava em velocidade relativamente alta, cerca de 70 RPM e eu usava calça comprida! Essa é uma informação teórica, percebemos a carga leve em função do comportamento do corpo do aluno como um todo, por exemplo, quando sentados se o corpo começa a “quicar” sobre o banco é preciso aumentar a carga. Outro erro é dizer que minha frequência cardíaca a 170 BPM, não era importante, ela não me conhecia, se não fosse bem condicionada poderia ter passado mal e na pior das hipóteses ter uma parada cardíaca.

E aí? Como saber se seu professor está bem preparado? Leia, informe-se, questione, faça aulas com professores diferentes, compare, critique.