Vi muitas recomendações e muitas dúvidas sore o uso de máscara para treinar, vi também muitos equívocos sobre esse assunto. Encontrei opiniões diferentes, a grande maioria sem fundamento científico, pautadas em sensações.

Para poder esclarecer essas dúvidas precisamos contextualizar. As máscaras que estou falando são aquelas caseiras, que estão sendo recomendadas para uso pela população para se proteger contra o corona vírus – COVID-19 e não utilizar máscaras de uso hospitalar, que ficariam para uso exclusivo dos profissionais da saúde.

Será que existe uma grande diferença na proteção entre essas máscaras? Essa é a primeira pergunta que as pessoas quase sempre fazem. Então vamos olhar qual o percentual de proteção da máscara de uso hospitalar comparada com a máscara caseira.

  • Máscara hospitalar: 97% de proteção aproximadamente contar o COVID-19 (máscara hospitalar comum)
  • Máscara de tecido caseira: 50% – 70% de proteção contra o COVID-19, dependendo do tecido usado.

Se considerarmos que não teremos contato direto com pessoas doentes, essas máscaras cumprem com a função. Lembrando que a máscara não garante que a pessoa não ficará doente.

USAR MÁSCARA PARA TREINAR TEM PROBLEMA?

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Para começar essa construção já adianto que não existe problema em treinar de máscara. Fiz uma grande busca sobre o assunto e, neste momento, não encontrei nenhuma pesquisa que evidenciasse qualquer problema que afetasse a saúde, no uso da máscara. Além disso, podemos olhar para o que acontece no Japão. Muitas pessoas sofrem de alergias respiratórias e o uso de máscaras é algo comum. Eles se exercitam usando máscara há muitos anos e até hoje ninguém disse que isso pode ser prejudicial. Apesar dessa falta de evidências, muitas pessoas relatam que se sentem mal quando usam máscara para treinar e com isso surgem muitos pensamentos equivocados.

Pensamentos equivocados sobre o uso de máscara

1- Uso de máscara dificulta a troca gasosa. Isso não vai acontece! A troca gasosa vai ocorrer normalmente usando ou não usando máscara. Salvo se a pessoa tiver algum problema respiratório como o DPOC. Ou seja a dificuldade na troca gasosa vai ocorrer usando ou não a máscara, dependendo da condição de saúde da pessoa.

2- Uso de máscara diminui a concentração de oxigênio. A concentração de oxigênio não diminui, ela é de 21% em qualquer situação. O que pode acontecer é o ar ficar mais rarefeito (menor pressão), quando estamos em altitude superior à 1500 e 2000 metros, mas a concentração de oxigênio continua igual.

3- Gás carbônico fica preso dentro da máscara, na expiração. Esse pensamento equivocado ocorre pois existem alguns problemas respiratórios que são caracterizados pela dificuldade na expiração, como é o caso da asma. No entanto, o gás carbônico da expiração, bem como o vapor d’água escapam uma vez que a máscara não é vedada e existe ainda o tamanho da trama do tecido que contribui para esse escape.

O que acontece de verdade

A máscara oferece uma barreira contra o fluxo de ar. O que cabe buscar é qual o melhor material, qual máscara oferece o melhor fluxo de ar associado com a maior segurança.

Um estudo feito em 2013, na Universidade de Cambridge, por ocasião da pandemia da gripe H1N1, mostrou que máscaras feita de tecido 100% algodão, duplo, tem cerca de 2% mais respirabilidade do que a máscara hospitalar (cirúrgica) comum. Essa é uma informação importante, pois muitas vezes tocamos na máscara cirúrgica e achamos que ela é mais fina, melhor para respirar. O que já se provou não ser verdade.

Esse estudo mostra outros tipos de tecido com respirabilidade melhor do que o algodão 100% duplo, mas não demonstraram ser seguros, o que faz com que se perca o propósito no uso da máscara.

Se a máscara oferece essa barreira ao fluxo de ar, na prática o que isso significa? Nossa respiração acontece por diferença de pressão. Na inspiração além da diferença de pressão, contamos com o auxílio de alguns músculos, se existe uma barreira vou precisar usar mais esses músculos. Na expiração o ar vai se dissipar pelos orifícios da máscara, mas ela vai ficando úmida o que dificulta ainda mais a inspiração e facilita a passagem do vírus, além de criar um ambiente propício para o aparecimento de outros micro organismos.

O quanto esse fluxo de ar é diminuído, não encontramos essa informação. Se você sabe alguma coisa sobre isso, coloca nos comentários, divide essa info com a gente!

É fato que o desconforto existe, as pessoas relatam essa questão. Quanto mais tempo ficamos de máscara, maior desconforto. Ele pode ser de diversos tipos, como irritação na pele, marcas por causa do elástico. Um estudo feito com médicos apontou esses desconfortos e o principal deles é o desconforto térmico, eu também senti esse desconforto quando usei máscara em dias mais quentes.

Então como explicar um grande desconforto durante o exercício?

Quando nos exercitamos a nossa frequência respiratória aumenta conforme a intensidade do exercício.

Então quando fazemos exercícios intensos com máscara e nossa frequência respiratória aumenta, aumenta também o trabalho dos músculos inspiratórios que falei um pouco acima. Também vai aumentar a quantidade de vapor d’água que sai na expiração deixando a máscara mais úmida. O resultado disso é que você ficará, provavelmente mais cansado, pelo maior esforço exigido nesses músculos. Com o passar do tempo, seu corpo deve se adaptar à essa nova condição de esforço, é provável que o cansaço diminua.

Usando essa lógica, quanto mais você usar a máscara para treinar, seus músculo também ficarão mais treinados e o desconforto terá uma tendência a diminuir. Estou falando em tendência, dizendo que é provável que o seu corpo se adapte, pois ainda não temos estudos que demonstrem se isso acontece de fato.

O principal é ouvir o que seu corpo está dizendo, se no exercício com máscara sua frequência respiratória subiu muito, sua frequência cardíaca subiu muito, você não está se sentindo bem. Interrompa o exercício. Essa é uma regra que deve ser levada a sério em qualquer situação, com ou sem máscara. Passar mal no exercício não é normal.

Use máscara para treinar, comece com um volume/intensidade menor, dê ao seu corpo tempo para se adaptar.