A polêmica da semana é antiga, data do final do mês passado e ficou por conta dos exercícios durante a gravidez. Tudo começou com a gestante americana, Lea-Ann Ellison, que publicou imagens do seu treino de musculação nas redes sociais e virou notícia.

 

A imagem impressiona e gerou inúmeras críticas em relação às cargas utilizadas, foi matéria do Fantástico, com depoimento de vários profissionais condenando a moça e apontando diversos problemas em fazer exercícios pesados durante a gravidez.

Ocorre que a moça é fisioculturista, está habituada a treinar pesado e ninguém questionou se as cargas utilizadas neste momento da gestação são menores do que aquelas que ela estava habituada antes e tão pouco se estava tendo o acompanhamento médico. Portanto criticar a atitude da fisioculturista, só mesmo por divulgar imagens que podem levar outras gestantes a copiarem o modelo sem ter o devido preparo e acompanhamento.

A recomendação do American College of Obstetricians and Gynecologists para o exercício durante a gravidez, de mulheres saudáveis e ativas, sejam elas atletas ou não, é que modifiquem a sua rotina de exercícios e que sejam acompanhadas de perto pelo médico. Atividades de contato, como algumas modalidades esportivas, e aquelas que podem causar quedas são desaconselhadas.

Benefícios do exercício durante a gravidez

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  • Redução e prevenção de lombalgias através da orientação da postura correta. A mudança do centro de gravidade, em função do aumento da cavidade abdominal acarreta hiper-lordose lombar e o exercício contribui para a adaptação à essa nova postura;
  • Minimiza a ocorrência de dores nas mãos e membros inferiores, que geralmente ocorre durante terceiro trimestre, em função da diminuição da flexibilidade das articulações. O exercício provavelmente diminui a retenção de líquidos nestes locais;
  • Redução do stress cardiovascular. Durante a gravidez há um aumento da atividade do coração se comparado ao período não gestacional. O exercício faz com que a freqüência cardíaca fique mais baixa, aumenta o volume sangüíneo em circulação, aumenta a capacidade de oxigenação, diminui a pressão arterial, previne trombose e varizes e reduz o risco de diabetes gestacional;
  • Nas gestantes que apresentam diabetes gestacional a atividade física contribui para manter o nível glicêmico (açúcar no sangue) normal. Para as gestantes portadoras de diabetes mellitus controlada, ocorrem os mesmos efeitos sobre os níveis glicêmicos;
  • A atividade física e o exercício também contribuem sobre o aspecto emocional, tornando a gestante mais auto-confiante e satisfeita com a aparência;
  • Diminui o risco de nascimentos prematuros, por regular e fortalecer a musculatura pélvica;
  • Diminui o risco da necessidade de realizar cesariana. Gestantes sedentárias apresentaram risco 4,5 vezes maior de nascimentos por cesárea do que as gestantes fisicamente ativas. Estudos indicam que a participação em exercícios físicos, especialmente nos dois primeiros trimestres, está associada efetivamente ao menor risco de cesáreas;
  • A atividade física durante a gestação contribui para que as gestantes tolerem melhor o trabalho de parto, principalmente os mais prolongados;
  • O aborto espontâneo não está associado à prática regular de atividade física e sim à sua intensidade e ao excesso de atividade;
  • Gestantes ativas, principalmente desde o primeiro trimestre, tendem a ter bebês com peso normal.

Riscos do exercício durante a gravidez

Estamos considerando aqui uma gestante saudável, que não esteja em qualquer grupo de risco e que tenha liberação médica para a prática de exercícios.

  • Colisões e quedas em atividades competitivas e de contato;
  • Lesões articulares em exercícios com movimentos repentinos ou saltos;
  • Lesões articulares em movimentos com amplitudes extremas, seja na extensão ou na flexão, pela frouxidão natural do tecido conjuntivo nesse período;
  • Embolia fetal em decorrência da prática de mergulho;
  • Problemas respiratórios e de aporte de oxigênio para o feto causada por exercícios aeróbios realizados em altitude;
  • Obstrução do retorno venoso nos exercícios de barriga para cima, após o terceiro trimestre.

Exercício durante a gravidez

O exercício durante a gravidez é altamente recomendado é traz inúmeros benefícios, mesmo para aquelas mulheres que nunca praticaram atividade alguma. A principal recomendação é sempre fazer o pre-natal e seguir rigorosamente as recomendações do médico.

A regra aqui não é diferente da regra que devemos seguir sempre: o exercício que é bom para o vizinho pode não ser bom para você!

Pode ser que a americana, Lea-Ann Ellison, estivesse liberada pelo médico para fazer aqueles exercícios, nós não sabemos. O que não pode acontecer é sair por aí copiando o que ela está fazendo. Lembra da polêmica do circuito dos 7 minutos, não é muito diferente aqui.

Minha experiência

Na primeira gravidez, no final da década de 1980, fiz ginástica aeróbica até os 6 meses. Era praticante assídua e conforme a barriga foi crescendo optei por aulas de baixo impacto, pois o peso me incomodava. No último trimestre troquei a sala de aula pela piscina, comecei a fazer hidroginástica, mas em uma turma de não gestantes e com aula bastante puxada. Fui assim praticamente até a data do parto e sempre com o aval da minha obstetra.

Na segunda gravidez, um incômodo nas costas me deixava indisposta para fazer qualquer exercício. Em pouco tempo, antes de completar o terceiro mês, descobri se tratar de uma gravidez de risco. Repouso absoluto com direito a duas internações. Proibição total em realizar qualquer exercício, até mesmo uma inofensiva caminhada.

Cada mulher reage de uma forma diferente, cada gestação é única, por tudo isso a minha recomendação é que além de ser liberada e acompanhada pelo médico, a gestante deve optar por um exercício que a deixe confortável e traga prazer.