Academia não é lugar de criança. O motivo: segurança.

O que me motivou escrever esse texto: uma discussão, com muitas opiniões, em um grupo de whatsapp no residencial que eu moro. Tudo começou com a publicação de uma mãe que iniciava assim: “Por que a sociedade odeia tanto mães e crianças? Hoje estou com as minhas filhas em casa, fomos no parquinho e depois resolvi ir na academia fazer o meu exercício do dia enquanto elas ficavam sentadas quietinhas num cantinho vendo um filme no meu celular. Mas em 5 min já apareceu um guarda para nos expulsar de lá porque pela norma não é permitido crianças na academia.”

Ninguém odeia mães e crianças, é muito simplista se colocar no papel de vítima da sociedade sem atentar para o principal, para o mais importante, nesse caso: proteger, acima de tudo, as crianças. Foi então que escrevi o texto abaixo, publicado no grupo do residencial, para esclarecer alguns pontos e decidi trazê-lo pra cá, com o objetivo de alertar outras pessoas, também.

Academia não é lugar de criança. O motivo: segurança. Por quê?

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A maior parte dos acidentes que ocorrem em academias são causados pelo mau uso/manipulação/manutenção dos equipamentos e não pela execução dos exercícios em si. Os riscos no ambiente da academia, que inclui todos os locais (sala de musculação, sala de ginástica etc.), são reais, inclusive com lesões graves, com vários casos envolvendo crianças.

Um cabo de aço que arrebenta, um halter ou anilha que cai, uma espelho que quebra, um usuário que esbarra em uma criança, uma mola de jump que arrebenta e voa, são apenas alguns exemplos de situações nas quais crianças (e adultos), podem se machucar e que eu já presenciei. Na academia do meu residencial, já ocorreram acidentes, com adultos, com cabos estourando e dedos prensado, isso que eu tive conhecimento. Com as crianças será pior pela fragilidade dos seus corpos. Crianças são curiosas e o ambiente de academia é uma tentação para ser explorado.

Como você se sentiria se estivesse se exercitando e, sem querer, acertasse a cabeça de uma criança com um halteres? Como se sentiria se você se machucasse realizando um exercício, por tentar proteger a integridade física de uma criança? De quem seria a culpa? Sua ou dos responsáveis pela criança? E se esse acidente fosse grave?

Em fevereiro desse ano uma menina teve quatro dedos decepados em acidente em academia. Houve também o caso de criança que morreu em esteira em 2021. Basta fazer uma busca na internet para encontrar alguns casos, como o deste vídeo.

Há quem acredite que a responsabilidade é dos pais e que portanto não há problema em levar a criança para a academia e de fato são responsáveis. Os pais ou responsáveis têm a obrigação legal de garantir o pleno e saudável desenvolvimento dos menores, e são responsáveis civil e criminalmente por danos causados em decorrência de acidentes que possam ter sido evitados. Advogados podem explicar melhor como isso funciona.

Mas a responsabilidade não para nos pais. Existe a questão da responsabilidade civil, aquela que se caracteriza por uma ação ou omissão, intencional (dolosa) ou por negligência, imprudência ou imperícia (culposa), e que venha a causar danos a terceiros (ato ilícito), sejam estes danos materiais ou morais (art. 186 c/c 927, do Código Civil). Nesse caso podem responder os diretores e também os associados. Como seria pra você ter que responder por acidente com uma criança na nossa academia, se nem sabia da presença da criança lá?

Portanto o regulamento que proíbe a permanência de crianças na academia do residencial, tem como função proteger as crianças, proteger os usuários e proteger a associação em caso de acidentes.

Uma mãe que está na academia se exercitando, não está supervisionando a criança, está se exercitando. Por mais calmas e quietas que as crianças sejam, são imprevisíveis, curiosas e frágeis. E não há como ter regras que resguardem a criança, usuários e associação com base na subjetividade (crianças calma podem, as agitadas não podem).

Tudo isso pode parecer apenas uma questão de bom senso, mas alguma vezes é por ignorância, mesmo, pelo simples fato de não reconhecerem as possibilidades do risco.

Vou gostar muito de conhecer o seu comentário sobre o assunto.