Por que engordamos? De forma simples e objetiva é porque comemos mais do que gastamos. Já abordei aqui no Fique Informa a questão da obesidade de diversas formas. Na maioria da vezes com um olhar biológico, pois é aquele que está mais próximo da da Educação Física, mas por trás da biologia e dessa matemática que nos faz contar calorias há outras questões muito mais profundas envolvidas.

Recebi um texto muito interessante que aborda o assunto do ponto de vista da Psicanálise Psicossomática. Em abril o médico e psicanalista argentino Luis Chiozza virá ao Brasil para um conferência onde o tema será debatido. Divido o texto com vocês para reflexão. Fiquem a vontade para comentar.

por que engordamos

Por que engordamos?

Psicanálise Psicossomática defende que a obesidade inclui razões inconscientes, entre elas, a fragilidade.

Por que engordamos? A obesidade pode ter razões ocultas que não somente as triviais como a alimentação inadequada e o metabolismo lento. Quando uma pessoa come mais do que deveria, ela pode estar querendo se aliviar de um estado de angústia, muitas vezes impulsionadas pelo inconsciente.

De acordo com a psicanalista Clarissa Silbiger Ollitta, o que chama a atenção é o caráter de culpa que atribuem ao obeso. “A pessoa obesa é cobrada constantemente pela sua condição de ser gorda, por comer muito, por ter uma depressão, compulsão, como se fosse uma opção equivocada que a pessoa faz. Ninguém escolhe ser obeso. A comida tem múltiplos significados e preenche necessidades determinadas inconscientemente”, defende ela.

Segundo a especialista, no entendimento da Psicossomática Psicanalítica do Dr. Luis Chiozza, médico e psicanalista argentino que virá ao Brasil em abril, a compreensão se dá pela representação inconsciente que tem o tecido adiposo. “A pessoa come porque se sente fraca, frágil e se utiliza de meios para ganhar força. Em outras palavras, a pessoa obesa come porque faz uma leitura equivocada da sua força”, reitera.

No entanto, mesmo com explicações emocionais e psíquicas, não podemos desprezar as características orgânicas e genéticas, a idade, o sexo, entre outras. Na visão da especialista, o importante não é o número que aparece na balança quando alguém se pesa, mas como a pessoa interpreta este mal estar que ela nomeia de obesidade.

“Ressalto que esse desconforto aparece primeiro em frente ao espelho e depois é transformado em número. O que chama a atenção é a frequente desvalorização que a maioria dos tratamentos gera na pessoa obesa. Alguém que já se sente internamente frágil, quando submetido à exclusão social e a estereótipos, só acentua sua experiência de fracasso”, diz ela.

Para Clarissa, a dieta pode ser um dos recursos de tratamento num determinado momento de sua vida e não uma terapêutica obrigatória para todos. O mais importante é considerar o momento particular do paciente, suas determinações inconscientes, seus recursos disponíveis, sua história biográfica para tentar viabilizar outras formas de enfrentamento da sua vida.

“A pessoa obesa quando come não é porque ela sente fome e sim, porque se sente fraca, frágil. A obesidade é uma consequência de uma tentativa de resolução de um estado interno. Ela interpreta equivocadamente os recursos que tem e adia sempre as ações desejáveis para a concretização dos seus objetivos. Um bom exemplo é quando uma pessoa precisa estudar para uma prova. Em vez de investir nos estudos para se preparar efetivamente, ela fica angustiada e come uma tigela de pipoca”, conclui.

O desafio da Psicanálise Psicossomática, para o caso da obesidade, é desenvolver mecanismos capazes de ajudar o individuo a identificar e recuperar sua capacidade de gerar mudanças efetivas para seus objetivos, entre elas, o emagrecimento.