A relação obesidade e exercício é delicada e cercada de mitos. Embora o exercício seja indicado para quem está acima do peso, não é ele que fará a pessoa emagrecer.

Obesidade é uma doença crônica classificada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como epidêmica. Pela primeira vez na história da humanidade o número de obesos ultrapassou o de desnutridos! Há dois anos fiz uma série de posts que valem a pena ser lidos por quem tem interesse pelo assunto e explicam o básico sobre o problema.

Obesidade – Parte I
Obesidade – Parte II
Obesidade – Parte III
Obesidade – Parte IV
Obesidade – Parte V

Aquela história que fazer exercício aumenta o gasto calórico e ajuda a emagrecer não funciona para o obeso da mesma forma que para a pessoa com peso normal, e quando funciona o resultado é mínimo. E isso é explicado pela dificuldade em realizar exercícios em função do excesso de peso e da baixa aderência.

Obesidade e exercício: entenda por que o exercício não emagrece, mas é necessário


Para que o exercício realmente ajude a emagrecer é preciso que seja feito em intensidade moderada, com frequência cardíaca entre 65% e 75% da máxima, e mantido nesse patamar por cerca de 30 minutos, ou em treinos curtos, intervalados de alta intensidade, com frequência cardíaca acima de 80%. O que para a maioria dos obesos é impossível. Aqueles que conseguem, na maioria das vezes, sofrem e desistem, pelo desconforto causado. Sem contar os riscos de lesões nas articulações e de problemas cardiovasculares.

Mas se é assim, por que fazer exercícios?

A função do exercício não é apenas emagrecer. Ele vai trazer outros benefícios, além de preparar o obeso para trabalhar nos patamares onde seu efeito na queima de gordura é positivo, quando este tiver melhores condições físicas.

O exercício pode ajudar no controle de doenças associadas à obesidade como diabetes, hipertensão e dislipidemias. Além disso quando bem aplicado promove o fortalecimento muscular, auxiliando na prevenção de lesões e melhora da postura. Sem contar os ganhos na qualidade de vida que ocorrem com o aumento da força, como por exemplo subir escadas com menos dificuldade.

Quais exercícios são indicados?

  • Sobrepeso – IMC acima de 25: fortalecimento muscular + atividade aeróbia moderada de baixo impacto. Ex: Musculação e caminhada
  • Obesidade grau 1 – IMC acima de 30: fortalecimento muscular e atividades aquáticas, posteriormente a introdução de atividade aeróbia moderada, de baixo impacto.  Ex. Musculação e hidroginástica, posteriormente caminhada.
  • Obesidade grau 2 – IMC acima de 35: fortalecimento muscular e atividades aquáticas. Musculação e hidroginástica.
  • Obesidade grau 3 – IMC acima de 40: em alguns casos apenas o fortalecimento muscular, é preciso emagrecer para poder se exercitar. (as atividades aquáticas são indicadas quando a piscina dispõe de infraestrutura que ofereça conforto e segurança ao obeso, por exemplo, ao entrar e sair da água)

Alguns cuidados precisam ser tomados antes da prescrição de exercícios para obesos, além daqueles que já são observados nos não obesos, como liberação do médico e parâmetros cardiovasculares.

  • Obesos hipertensos devem evitar exercícios isométricos.
  • Tomar cuidado com a glicemia dos obesos diabéticos. Observar o que foi ingerido antes do exercício.
  • Alguns obesos não cabem nos equipamentos. Avaliar isso antes de fazer a escolha para evitar constrangimentos.
  • Algumas vezes apenas o peso corporal já é suficiente para se exercitar.
  • Alguns obesos não conseguem fazer exercícios na posição deitada. Tenha sempre um bom repertório em pé e sentado.
  • Dependendo do grau de obesidade evite colocar o aluno no chão. Ele pode ter dificuldade para levantar e você pode não ter força para ajudar.
  • Exercícios na piscina só devem ser feitos se houver escadas para sair da água que o obeso consiga usar.